Pela estrada desce a noite Mãe-Negra desce com ela.
Nem buganvílias vermelhas,
nem vestidinhos de folhos,
nem brincadeiras de guizos nas suas mãos apertadas...
Só duas lágrimas grossas,
em duas faces cansadas.
Mãe-Negra tem voz de vento,
voz de silêncio batendo nas folhas do cajueiro...
tem voz de noite descendo de mansinho pela estrada.
...Que é feito desses meninos que gostava de embalar?
Que é feito desses meninos que ela ajudou a criar?
Quem ouve agora as histórias que costumava contar?...
Mãe-Negra não sabe nada.
Mas ai de quem sabe tudo,
como eu sei tudo,
Mãe-Negra...
É que os meninos cresceram,
e esqueceram as histórias que costumavas contar...
Muitos partiram pra longe,
quem sabe se hão de voltar!...
Só tu ficaste esperando,
mãos cruzadas no regaços,
bem quieta, bem calada...
É tua a voz deste vento,
desta saudade descendo de mansinho pela estrada...