“Plantar na cidade traz inúmeros benefícios” e “água se planta” são duas das frases de incentivo que aparecem no site “Pequeno guia prático para a agricultura urbana”, lançado em julho de 2018. Entre os benefícios de se plantar na cidade estão o aumento da segurança alimentar e na atratividade de espaços públicos, diminuição dos alagamentos, filtragem da poluição do ar, conservação da água e do solo, entre outros. A cartilha reúne técnicas, conceitos, explicações e outras informações a respeito das hortas urbanas. No site, há também indicações de leitura e um mapa interativo de iniciativas de preservação, recuperação e produção de alimentos nas cidades. O guia foi feito pelo Ministério do Meio Ambiente e a Fundição Progresso, centro cultural carioca, com o apoio da ONU Meio Ambiente, do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CBDES) e do coletivo Organicidade. Os termos horta urbana, agricultura urbana e horta comunitária entraram mais firmemente no léxico das cidades brasileiras nos últimos cinco anos. Mas o movimento é antigo e internacional: em 1973, a artista e ativista americana Liz Christy criou um jardim comunitário em um terreno abandonado em Nova York e o jardim deu origem ao movimento “guerrilha verde”, em atividade até hoje. O cultivo orgânico de alimentos — como hortaliças e ervas — e outras plantas nas cidades busca reaproximar moradores das metrópoles do plantio, promover a alimentação saudável e também intervir no espaço urbano, transformando áreas ociosas.
Guia’ em 4 pontos:
1. RECONHECIMENTO DAS ESPÉCIES INDICADORAS
Depois de obter a autorização dos responsáveis pelo espaço a ser cultivado, seja público ou privado, e organizar um grupo interessado em implementar e manter o cultivo, o material recomenda identificar espécies já existentes naquele solo – nos casos em que ele não está totalmente empobrecido – para ajudar a orientar a escolha de plantas mais adequadas para o local. O guia cita plantas que conseguem vingar em solos pobres, como a carqueja, e outras para solos mais férteis, como a mamona.
2. DESENHO DOS CANTEIROS
Alguns cuidados básicos são necessários na delimitação de um canteiro. Primeiro, é preciso ser capaz de alcançar, de fora do canteiro, todas as plantas que estão dentro dele. Pisar dentro é prejudicial porque compacta a terra. A posição em relação ao sol também é importante, e por isso os canteiros devem estar na direção norte-sul, o que impede que uma planta faça muita sombra ao longo do dia. A quantidade de Sol necessária e em qual período do dia também varia de acordo com a planta. Hortaliças, por exemplo, “preferem” o Sol da manhã. Para evitar o gasto de energia com a manutenção da horta, o ideal é que os canteiros fiquem próximos a um ponto de água.
3. TECNOLOGIA DA FLORESTA’
A agrofloresta, sistema agrícola que combina plantas agrícolas e florestais, é a forma de cultivo preconizada pelo guia. Como na floresta, o solo é coberto por folhas e galhos – camada chamada de serapilheira. A decomposição fornece alimento para todos os organismos que vivem debaixo da terra, que por sua vez alimentam as plantas. Mais de uma espécie é plantada por canteiro. “Elas se ajudam e trocam nutrientes entre si pela teia de raízes e fungos debaixo da terra. Quanto maior a diversidade de espécies, mais rico o ambiente se torna, atraindo os polinizadores, essenciais para a formação dos nossos legumes e frutas”, explica o guia.
4. MANEJO DIÁRIO:
Uma vez plantadas, há a manutenção, que inclui poda, irrigação, adubação e compostagem. O material dá instruções sobre cada procedimento e algumas dicas específicas relativas à influência das fases da Lua sobre as plantas. Da lua minguante à lua nova, a seiva se concentra nas raízes, e da lua crescente à cheia, nos caules e folhas. Isso significa que o melhor período para a poda é a lua minguante. A poda deve ser feita sempre com um corte limpo, evitando rachaduras no caule. A planta se recupera mais rápido e não gasta energia com a cicatrização. A lua cheia é melhor para plantar, pois estimula a brotação e diminui o tempo de adaptação do cultivo.
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