domingo, 15 de fevereiro de 2009

"UMA REDE PREGUIÇOSA PRA DEITAR"

Para mim existe um dia da preguiça na semana, e esse dia é o domingo. Para aproveitar melhor esse momento único para ler jornais e revistas ou tirar um cochilo, arranje um lugar na casa para pendurar uma rede. Escolha o modelo e relaxe!


Descansar é um dos momentos mais sagrados no nosso dia-a-dia, pela vida corrida e estressante que levamos. Nada melhor do que relaxar numa rede, seja ao ar livre ou na varanda de casa, depois de um dia de trabalho. A rede também pode ser uma bela peça decorativa que não pode faltar numa casa contemporânea, estas duas são da designer Patrícia Urquiola.





HISTÓRICO - A rede é um invento dos indígenas da América do Sul, cujo nome de origem é denominada pelos indígenas do Brasil de ini. A palavra rede foi empregada pela primeira vez pelo escrivão da frota de Pedro Álvares Cabral — Pêro Vaz de Caminha, em carta à Portugal, onde descrevendo a povoação dos Tupiniquins, seus hábitos e costumes, relata a maneira de dormir, daqueles indígenas: "casa compridas como naus, cobertas de palha, com um só espaço, com muitos esteios; e de esteio a esteio uma rede atada com cabos em cada esteio, altas, em que dormiam".


Foram as mulheres dos colonos portugueses que adaptaram a técnica indígena, substituíram o tucum pelo algodão (para render em um tecido mais compacto) e aplicaram varandas e franjas ornamentais. Sua difusão no Nordeste teve a colaboração ativa dos sacerdotes que, espalhando a técnica dos adventícios e entre as gerações que se sucederam tornaram hereditários o artesanato. Foi utilizada também como meio de transporte, os colonos e suas famílias em passeios pela cidade e viagens eram carregados pelos escravos.


CURIOSIDADES:
A rede copiada pelos europeus do século XVI seguiu padrões planos, tal como as camas onde se dorme no sentido do comprimento. na rede indígena, ao contrário, deita-se na diagonal. a rede deve ser frouxamente atada, para nela podermos deitar como se estivéssemos em uma suave bacia com a forma e tamanho do corpo. A rede de dormir jamais se popularizou nos outros continentes porque o modelo exportado foi o europeu.



Sérgio Buarque de Holanda, no trecho do livro "Caminhos e Fronteiras" , cita a importância da rede na capitania de São Paulo no século dezesseis até hoje: "Ao visitar pela Segunda vez a capitania de São Paulo, tendo entrado pelo Registro da Mantiqueira, Saint-Hilaire impressionou-se com a presença de redes de dormir ou descansar em quase todas as habitações que orlavam o caminho. O apego a esse móvel pareceu-lhe dos característicos notáveis da gente paulista, denunciando pronunciada influência dos índios outrora numerosos na região.



Luís da Câmara Cascudo (folclorista nordestino) no seu ensaio "Rêde-de-Dormir" faz uma apologia a esta peça domésticas integrante da vida cotidiana dos nortistas e nordestinos brasileiros, comparando-a com o leito, e enaltecendo as vantagens da rede:
"O leito obriga-nos a tomar seu costume, ajeitando-se nele, procurando o repouso numa sucessão de posições. A rêde toma o nosso feito, contamina-se com os nossos hábitos, repete, dócil e macia a forma do nosso corpo. A cama é hirta, parada, definitiva. A rêde é acolhedora, compreensiva, coleante, acompanha, tépida e brandamente, todos os caprichos da nossa fadiga e as novidades imprevistas do nosso sossego. Desloca-se, incessantemente renovada, à solicitação física do cansaço. Entre ela e a cama, há a distância da solidariedade à resignação".




Domenico de Masi (sociólogo italiano), autor de A Economia do Ócio, diz que estamos vivendo uma revolução que vai virar nossa cabeça do avesso e teremos muito tempo ocioso, para gastar como quiser, se for para ler, na opinião do sociólogo, o melhor local é a rede!
Sim, uma rede, “o objeto de design mais bonito e prático entre todos os criados pelo homem”, ensina Domenico. “Obra incomparável de um ignoto artista popular, desejoso de oferecer aos próprios sonhos um leito suave e flexível, macio e arejado, no qual pudesse se embalar e se deitar, desabrochar e florir”.



Frei Bartolomeu de Las Casas (teólogo dominicano), participou da segunda viagem de Cristóvão Colombo e um dos mais importantes cronistas da colonização da América, já mencionava as redes dos índios nas suas crônicas e elogia: são muito limpas, práticas e relaxantes, boas para os verões da Espanha. Não deu outra, as redes viraram mania…


Rede no norte e nordeste do Brasil a gente compra na rua, mas tem também alguns sites na internet bem interessantes, que despacham para todas cidades.


Antes de comprar a rede, veja a estrutura de onde você pretende colocar, para verificar se aguenta o peso e o balanço.
Em alvenaria, é bom perguntar ao responsável pela construção, o que se deve fazer para colocação. Na parede, caso ela não seja de concreto, o mais recomendável e seguro é fazer um "colchão" de concreto. Para fixar os ganchos e colocar os suportes, use uma furadeira profissional.


Rede vinda do Ceará.


Rede feita à mão


Rede de pano de algodão


Rede de pano de tecelagem

MATERIAIS DE REDE - Tem de madeira ipê-tabaco, feita para ficar no tempo; Em pano de algodão; As feitas à mão e as redes vindas do Ceará. Para uma decoração mais arrojadas, pode se usar tramas diferenciadas, junco com aço, metais nobre com fibras naturais.
Existe uma gama grande de cores e vários tamanhos de redes. As de solteiro (1.60m x 2.00m) e as de casal (1,60m x 2,40m). Não esquecer que por medida de segurança as redes na sua maioria são feitas para suportar até 120kg (solteiro) e até 200kg (casal).
CUIDADOS - Para a conservação da rede de madeira, passar uma lixa (de qualquer número), depois óleo de linhaça. Rede de pano de tecelagem e as feitas a mão só pode ser lavada à mão, com sabão neutro. As de pano de algodão podem ser lavadas na máquina, dissolvendo o sabão em pó antes, para não manchar. Ao guardar, verifique se a rede está totalmente seca para não mofar.


Segredo milenar de como dormir numa rede - Não se dorme de comprido (A), como defunto, nem perpendicularmente (B), na posição de crucifixo. A recomendação é deitar na rede transversalmente©, com os membros relaxados. Nessa posição a rede fica mais aberta e mais nivelada e a sua coluna cervical mais relaxada.


COMO FAZER REDE DE PANO CUSTOMIZADA:

NECESSÁRIO
Uma rede de pano branca; Placa de acrílico ou madeira de 40x60; Pincéis n.º 02, 04, 08, 10 e 12; Pincel para contorno n.º 0; Um desenho de sua escolha, com + ou - 15cm x 15cm; Tecido de algodão (sacaria); Papel Carbono vermelho; Tinta Acrilex; Vidro com água, limpeza dos pincéis; Pires, misturar tintas.

SIGA AS RECOMENDAÇÕES ABAIXO
1- Lave o pano para retirar a goma; 2- Coloque o pano esticado na placa cuidadosamente; 3-Transfira os desenhos escolhido para o pano usando o papel carbono para fazer o risco; 4- Pinte os desenhos com as cores escolhidas; 5-Com outro pincel, faça o contorno com tinta preta; 6- Depois de seco, recorte o tecido, ficando apenas os desenhos; 7- Aplique seus desenhos na rede de pano usando linha de tricô.

OBSERVAÇÃO
Personalize a customização, faça desenhos florais, com grafismo, use as cores de acordo com a sua personalidade, e com o ambiente.