terça-feira, 31 de julho de 2018

A arquitetura no cinema: em ‘Os Incríveis!

A casa da família Pêra
Depois da introdução do filme, que se passa no começo dos anos 1950, com cores mais vivas, o tempo avança uns 15 anos e revela o novo estilo de vida da família Pêra. O ambiente genérico, típico dos subúrbios norte-americanos, ganha uma estética interessante com casas de arquitetura marcante, com referências aos ângulos Googie e à simplicidade de Charles e Ray Eames.


A casa de Edna Moda
Estilista das vestimentas personalizadas dos personagens do filme, Edna Moda tinha que ter uma casa que representasse seu passado ilustre em Milão e o seu bom gosto. O seu lar não poderia ser diferente: afastado, no alto de uma colina, com linhas limpas e muito design. O interior traz elementos que nos remetem diretamente ao trabalho dos membros do movimento De Stijl, que preza as cores primárias ao lado do preto e do branco, e reduzir os volumes. Destaque para as versões simplificadas das cadeiras LC3 (1928), de Le Corbusier, contemporâneas ao movimento.


A cidade de Metroville
Enquanto Edna Moda vive no passado arquitetônico, o resto do universo fictício da Pixar se move em direção ao futuro, e aquela cidade com ares art déco do começo do filme se transforma em uma metrópole com referências miesianas (Ludwig Mies van der Rohe). O escritório onde Beto Pêra trabalha mostra a tentativa do modernismo de produzir um ambiente de trabalho homogêneo: a iluminação é uniforme, o clima é rigidamente controlado, os pisos são divididos em tons sombrios. Os criadores do filme criticam a crença no hiper-racionalismo, dizendo que ele produz um ambiente opressivo. A própria cidade também adotou uma estética modernista miesiana. A racionalidade retilínea se espalha dos cubículos para as fachadas dos novos arranha-céus. Onde antigamente ficavam os armazéns cobertos de tijolos, brotaram torres de escritórios revestidas de aço e vidro.


A casa do vilão
Frames da casa do vilão Síndrome


Interior e exterior do TWA Flight Centre

Um filme de super-herói só é bom de fato quando o vilão está a altura. E em Os Incríveis o Síndrome não é só um contraponto incrível como personagem, mas também com os elementos arquitetônicos que o rodeiam. A ilha tecnológica que ele possui deixa de lado as linhas retas de Ludwig Mies van der Rohe, presente na cidade, e vai de encontro com a arquitetura modernista mais curvilínea e escultural. A estrutura do prédio principal é uma mistura do Museu de Arte Contemporânea de Niterói e o Palácio do Planalto de Brasília, ambos projetados por Oscar Niemeyer. Já na parte interna, a irreverência dos interiores do TWA Flight Centre preenchem os caminhos tecnológicos até os cômodos do vilão e as passarelas superiores.