sábado, 28 de agosto de 2021

Carta para minha velhice:

"Então, minha querida, quando você envelhecer nunca ensine nada a ninguém. Mesmo se você tiver certeza de que está certa. Lembra de como isso a incomodou uma vez? Você mesma seguiu o conselho dos mais velhos?

Não tente ajudar a menos que seja solicitada. Não se imponha a ninguém. Não tente proteger seus entes queridos de todos os infortúnios do mundo. Apenas ame-os.
Não reclame sobre sua saúde, seus vizinhos, seu governo, sua aposentadoria! Não se transforme em uma velha briguenta.
Não espere gratidão das crianças. Lembre-se: não existem filhos ingratos - existem pais estúpidos que esperam gratidão de seus filhos.
Não diga frases como: 'Eu na sua idade...' 'Eu te dei os melhores anos...', 'Eu sou mais velha então eu conheço melhor...' Isso é insuportável!
Se você tem netos, não insista para que chamem você pelo nome, se a chamam de avó. Isso é estúpido.
Não desperdice seu último dinheiro em tratamentos antienvelhecimento. É inútil. Melhor gastá-lo em uma viagem.
Não se olhe no espelho e não se maquie em um quarto escuro. Não se iluda. E tente parecer o mais elegante possível. Precisamente elegante, não jovem. Acredite, é melhor assim.
Cuide do seu homem, mesmo que ele se torne um velho enrugado, indefeso e mal-humorado. Não se esqueça que ele já foi jovem, forte e alegre. E talvez ele seja o único que realmente precisa de você agora.
Não tente acompanhar o tempo a todo custo: entender novas tecnologias, acompanhar as notícias obsessivamente, estudar constantemente algo novo, não 'ficar para trás no tempo'. Isso é divertido. Faça o que quiser. Enquanto você pode!
Não se culpe por nada. O que quer que tenha acontecido com sua vida ou com a vida de seus filhos, você fez tudo o que podia.
Preserve sua dignidade em qualquer situação! Até o fim! Faça o seu melhor, minha querida, isso é muito importante.
E, lembre-se: se você ainda está viva, alguém precisa de você!"