quinta-feira, 1 de agosto de 2013

NOVA ORTOGRAFIA ARQUITETÔNICA

Vejam o novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa introduzido no 'vocabulário arquitetônico':

1. NOVAS LETRAS DO ALFABETO: K, W e Y

Na prática, nada muda; continuamos usando-as para símbolos de unidades de medida, nomes próprios e palavras estrangeiras não aportuguesadas, incluídas suas derivações: 30km, 100W (watts), 15 bytes, Louis Khan, arquitetura wrightiana, legislação kafkiana, e os quase intraduzíveis playground (área de recreação infantil), foyer (sala de espera), show (espetáculo, apresentação, concerto), kitsch (cafona, brega), kit (pacote) e yuppie (jovem executivo).

2. ELIMINAÇÃO DO TREMA
A lingüeta da fechadura da porta virou lingueta, e aquele memorial eloqüente, agora é eloquente – ou, em alguns casos, 'elofrio'. Mas o trema permanece em nomes próprios e seus derivados: arquiteto Gottfried Böhm; estúdio Königsberger & Vannucchi; partido königsberguiano. Resta a dúvida se o trema permanece em francesismos como: artista ou arte naïf (ingênuo, ingênua), que não é um nome próprio, mas um adjetivo.

3. PERDA DO ACENTO AGUDO NAS PAROXÍTONAS COM DITONGOS
ABERTOS ÉI e ÓI

Idéia virou ideia, e clarabóia agora é claraboia, o que resulta numa geleia geral, ou pior, numa paranoia só. Mas nas palavras oxítonas, permanecem os acentos nos ditongos ÉIS, ÉU, ÉUS, ÓI e ÓIS, como em capitéis, chapéu, coruchéus, corrói e para-sóis (antes, pára-sóis).

4. PERDA DO ACENTO NAS PAROXÍTONAS COM I e U TÔNICOS, NOS CASOS DE DITONGO SEGUIDO DE HIATO

É o caso de feiura (antes: fei-ú-ra) e auiba (antes: au-í-ba), uma planta que os paisagistas conhecem. Mas as oxítonas com I (IS) ou U (US) no final, continuam acentuadas, como em Pi-au-í e tui-ui-ú, uma espécie de ave.


5. PERDA DO ACENTO CIRCUMFLEXO NAS TERMINAÇÕES OO e EEM
Doo terras e as povoo (verbos doar e povoar), no lugar de dôo e povôo; veem, leem e deem, ao invés de vêem, lêem e dêem.

6. PERDA DE ALGUNS ACENTOS DIFERENCIAIS

Um tapete antialérgico se conhece pelos pelos (antes: pelos pêlos).
Ouve o desaforo do cliente e para para respirar (antes: pára para respirar).
Permanece, no entanto, o acento diferencial nos casos seguintes:
A forma da fôrma de concreto é redonda.
O cliente não pôde vir (passado), mas agora já pode (presente).
Pôr (verbo) por (preposição) precaução, a placa na obra, é uma sábia recomendação.


7. PERDA DO ACENTO AGUDO NO U TÔNICO DOS VERBOS ARGUIR, AVERIGUAR, ADEQUAR E SIMILARES

Antes: Os professores argúem (Presente do Indicativo) os alunos, para que averigúem (Presente do Subjuntivo) o que aprenderam.
Agora: Os professores arguem (Presente do Indicativo) os alunos para que averiguem (Presente do Subjuntivo) o que aprenderam
Portanto, adequem-se (antes: adeqúem-se) à nova ortografia!
8. AS CONTROVERSAS E CONFUSAS REGRAS DE USO DO HÍFEN

a) Quando o 2º termo começa com H, como em: anti-histórico, pan-helênico, mini-hotel e sobre-humano (exceto quando cai o H após os prefixos des e in, como em: desumano, inumano, inábil, desarmônico e desumidificar).

b) Quando ocorrem vogais duplas, como em: proto-otomano, semi-interno, ultra-arcaico e micro-ondas (exceções: coordenar, cooperar, coonestar, cooptar e outras palavras com o prefixo co). Se as vogais forem diferentes, não se usa o hífen, como em infraestrutura, pseudoacadêmico, neoárabe e tardoasteca, o que nos torna, todos, semianalfabetos !

c) Quando o 1º termo termina com vogal, e o 2º começa com as consoantes R ou S, estas são dobradas e o hífen eliminado, como em: antissocial, contrassenso, cosseno, multissecular, neorromânico, ultrarresistente. Se o 2º termo começar por outras consoantes, não se aplica o hífen, como em: anteprojeto, geopolítica, neobarroco, tardomodernismo e pseudogótico (exceção: vice-rei e todos os outros vices, grãos e grãs, onde o hífen é obrigatório, como em: grã-fina e grão-ducado).

d) Aplica-se também o hífen quando o prefixo termina com a mesma consoante que inicia o 2º termo, como em hiper-realista, super-romântico, inter-regional e sub-barbarismo; nos demais casos (duas consoantes diferentes, ou consoante + vogal) não se usa o hífen, como em: hipermercado, hiperacadêmico, supertensionado, superinteressante, intermunicipal, interurbano, subsolo e subaquático (exceção 1: prefixo sub + letra R, B ou H, sempre com hífen, com em: sub-região, sub-base e sub-humano; exceção 2: prefixos circum e pan + M, N, H ou vogal, como em: circum-murado, circum-navegação, pan-helênico e pan-americano).

e) Com os prefixos ex, sem, além, aquém, recém, bem, pós, pré, pró e soto/sota, usa-se sempre o hífen, como em: ex-aluno, sem-teto, além-mar, aquém-fronteiras, recém-descoberto, bem-aventurado, pós-moderno, pré-histórico, pró-ativo, soto-capitão (exceção: sotavento).

f) Mantido o hífen nos sufixos derivados do tupi-guarani, como em: mogi-guaçu, anajá-mirim e capim-açu.

g) Mantido o hífen em expressões não vocabulares, do tipo: ponte Rio-Niterói e diálogo Norte-Sul.

h) Não se deve usar o hífen em palavras que perderam a 'noção de composição' – o que é bastante subjetivo –, como em: girassol e pontapé. E aí? Pé-direito, rés-do-chão e quebra-sol têm hífen?


NOTA

O Acordo, de unificação da grafia da Língua Portuguesa, foi assinado em 16 de dezembro de 1990, na cidade de Lisboa, por Portugal, Brasil, Angola, São Tomé e Príncipe, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e, posteriormente, Timor Leste, devendo ser ratificado pelos parlamentos de cada nação. No Brasil, isto se deu através do Decreto Legislativo nº 54, de 18 de abril de 1995, mas em Portugal, essa aprovação só veio em 2008. O Acordo entrou em vigor em 1º de janeiro de 2009 e haverá um prazo de 4 anos para sua consolidação.