quinta-feira, 30 de setembro de 2010

A ARTE DO FOTOGRAFO PETER SCHEIER

O fotográfo Peter Scheier chegou ao Brasil em 1937, refugiado da Alemanha nazista onde nasceu (1908), cidade de Glogau (Silésia). As primeiras experiências com a fotografia foram feitas na Europa, período passado em Hohenau, de onde emerge a primeira e particular imagem de cidade envolta em penumbra, testemunho da sensibilidade do olhar do futuro fotógrafo. 
                                  
Trabalhou como foto repórter na revista O Cruzeiro (a mais importante revista ilustrada brasileira até a década de 1960), durante quase uma década. Foi fotógrafo oficial do Museu de Arte de São Paulo, publicou reportagens no exterior e documentou a São Paulo dos anos 1940 e 50.

Abriu o próprio estúdio(1940), "Foto Studio Peter Scheier", que funcionou até 1975 atendendo clientes das mais diversas áreas desde indústrias até a TV Record, cujos eventos Scheier registrou como fotógrafo oficial entre os anos de 1958 e 1962. Boa parte do seu acervo de valor histórico, foi doada pelos filhos ao Arquivo Histórico Judaico Brasileiro.
Conseguiu penetrar profundamente na cidade, compreendendo os habitantes como se fosse um deles, sem incorrer no folclore e nas interpretações piegas. Reconhece as especificidades da cidade cujas imagens recolhe com paixão, ao mesmo tempo em que busca uma “idéia de cidade” como um modelo fundamental, cuja essência poderia estar na reconciliação do fotógrafo exilado com o seu próprio destino.

O fotógrafo reafirma a modernidade através da noção de transparência que possibilita os efeitos das luzes e das sombras, mas também o jogo das reflexões.

As cidades de Scheier são cidades transparentes, porque condensam outras vivências e significados que os primeiros historiadores da arquitetura moderna, atribuíram ao conceito. Características da nova espacialidade que permite a percepção simultânea de diferentes planos e contextos que não possuem a qualidade da substância concreta, mas a transparência fenomenológica, e a experiência espacial que encontrou na imagem fotográfica seu melhor veículo de transmissão.
Nas imagens de Scheier, os edifícios projetados por Oscar Niemeyer e implantados sobre o traço de Lucio Costa parecem flutuar acima do solo, os volumes se interpenetrando enquanto as rampas retilíneas e helicoidais de intensidade quase piranesiana criam uma dinâmica única que somente a fotografia é capaz de congelar.