sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

Releitura tropical de Le Corbusier




Vista a partir da composição paisagística assinada por Renata Tilli, a fachada revela a volumetria de inspiração modernista da casa, brindada por uma piscina que a separa do jardim e da praia.
A 17 km, rumo ao sul, no município do Ipojuca, na costa de Pernambuco, fica Toquinho, praia de areia fina, água cristalina, protegida pela ilha de Santo Aleixo, cujos arrecifes bloqueiam o ímpeto das ondas atlânticas. No final da praia de Toquinho fica a foz das águas preguiçosas do rio Sirinhaém. Dá para alternar banhos de mar com água doce nesse encontro.
O living traz mesa de centro criada por Arthur Casas,  e poltronas verdes do estúdio Branco & Preto, – ao fundo, no jantar.
O projeto da casa é do arquiteto Arthur Casas. “A residência possui uma volumetria simples, com uma base abrigando as áreas de convívio e o primeiro andar, os quartos. Para ampliar a presença constante do mar, a base foi elevada em 1,20 m. Utilizamos madeira, com o intuito de sublinhar a atmosfera praiana de casualidade e de despojamento”, explica, sobre a construção de 920 m² em terreno de 6.200 m², dos quais 2.400 m² têm paisagismo assinado por Renata Tilli.  Pais previdentes que são, o casal de proprietários deseja que seus filhos construam suas casas ali também, para o lazer da futura grande família.


A entrada da casa se dá pelo lado oposto à praia, onde descortina-se uma mesa assinada pelo Studio Arthur Casas com um par de abajures.

Localizada no segundo pavimento, a área intima é composta de quatro suítes, todas privilegiadas com a vista para o mar, protegidas pelo sanfonado das portas-janelas camarão de cumaru, madeira 100% brasileira. O térreo, por sua vez, integra a ala comum com um social fluido, sem divisões, que reúne sala de jantar, living e home theater sob um respeitável balanço de 18,5 m de estrutura protendida. Esse living possui duas grandes aberturas paralelas, com portas-janelas de vidro temperado de fora a fora, que o mestre Le Corbusier (1887-1965) denominou nos anos 1920 como a janela panorâmica. Uma vem a ser a entrada da casa e a outra leva aos “fundos”, isto é, ao varandão e ao deck que dão para a piscina e a praia. 
Outra vista do living, voltada para a entrada, evidencia um par de sofás, poltronas vintage e tapete sintético.
Aqui, neste cenário, prosperam representantes da flora do costão brasileiro, com seus bonitos nomes tupi-guarani: o guajeru, ou guajuru, um arbusto com frutos arroxeados que parecem azeitonas; o guaimbê, ou banana-de-macaco, uma trepadeira capaz de chegar a 5 mde altura, com suas folhas grandes e recortadas; o sapoti, uma árvore de copa farta e fruto saboroso que faz gostosas geleias, compotas e sucos; e a pitangueira, com seus frutinhos em tons que vão do amarelo ao vermelho, quase vítreos, como se fossem delicados brincos de Murano nativo, com a cara do Brasil.
Na área da piscina, o piso de cumaru do deck  e as almofadas da jacuzzi, dão o tom.

A área íntima, no primeiro andar, reserva um pequeno terraço com piso em Pedras.