domingo, 15 de dezembro de 2013

DE CARA LAVADA (Martha Medeiros)


Hoje me desfiz dos meus bens,
vendi o sofá cujo tecido desenhei
e a mesa de jantar onde fizemos planos.

O quadro que fica atrás do bar,
rifei junto com algumas quinquilharias
da época em que nos juntamos.

A tevê e o aparelho de som,
foram adquiridos pela vizinha
testemunha do quanto erramos.

A cama doei para um asilo,
sem olhar pra trás e lembrar
do que ali inventamos.

Aquele cinzeiro de cobre,
foi de brinde com os cristais
e as plantas que não regamos.

Coube tudo num caminhão de mudança,
até a dor que não soubemos curar
mas que um dia vamos.