Acontece muito, na arquitetura como um todo, de alguns conceitos que são amplos e abrangentes serem simplificados a ponto de perder sua essência. E isso pode estar acontecendo desde já com o design biofílico. Para acabar com a confusão, listamos abaixo o que é e o que não é design biofílico.
Antes de mais nada, se ainda não está familiarizado com esse termo, faça uma pausa e leia com calma. Assim você terá a base necessária para compreender tudo o que vamos abordar a seguir.
Para o ambientalista René Dubos, que ganhou o Prêmio Pulitzer de Não-Ficção Geral em 1969 com a obra So Human an Animal, “a relação entre a humanidade e a natureza pode ser uma relação de respeito e amor em vez de estar baseada na dominação. Só atingimos um resultado satisfatório e duradouro se ambos os parceiros são impactados por essa relação, adaptando-se um ao outro. Com nosso conhecimento e senso de responsabilidade, podemos criar ambientes ecologicamente corretos, esteticamente satisfatórios e economicamente recompensadores”.
Agora sim! Vamos aos apontamentos.
O que É design biofílico?
Amplitude, fundamento e envolvimento contínuo
O design biofílico é pensado no início do projeto corporativo e deve ser implementado desde sua concepção. Não basta, apenas, inserir alguns materiais inspirados na natureza na hora de concluir a entrega do espaço acreditando que é isso que transformará o ambiente. É preciso abraçar a ideia de que um escritório construído com base em aspectos do mundo natural contribui grandiosamente para a saúde e o bem-estar dos colaboradores.
Um projeto que se baseia no design biofílico somente vinga quando está completamente envolvido com a ideia da união entre seres humanos e natureza. É um caminho de imersão. Caso o projeto seja completamente desenvolvido dentro desse contexto, mas as equipes que utilizarão os espaços não estiverem alinhadas com essa ideologia, aos poucos o propósito vai se reduzindo. Paralelamente ao investimento na construção do espaço físico é preciso trabalhar o emocional e a cultura da empresa para que todos possam tirar o maior proveito possível daquele ambiente.
Características de um ambiente COM design biofílico:
- Integração dos ambientes
- Habitat onde os elementos estão interconectados
- Promoção de ligações emocionais
- Apego ao ambiente que motiva os colaboradores
- Interação e relacionamento positivo entre o homem e a natureza
O que NÃO É design biofílico?
Inserções isoladas de elementos naturais
Um vaso de plantas aqui, um painel com imagem de cachoeira ali. Apenas agregar, a um ambiente tradicional, pequenos pontos sustentados na natureza não constrói um projeto de design biofílico. Essa desconexão onde a base do ambiente é o concreto e há apenas um ou outro elemento natural não pode ser considerada como design biofílico pois o conceito dominante do espaço não é esse. Dessa forma, torna-se impossível mensurar o impacto positivo da natureza no ambiente de trabalho.
Características de um ambiente SEM design biofílico:
- Predominância do concreto com um ou outro ponto verde isolado
- Foco na tecnologia
- Pouco contato com o mundo externo
- Isolamento social
- Pouca (ou nenhuma) ligação entre as pessoas
Três pilares do Design Biofílico
Podemos passar, então, a alguns direcionamentos que auxiliam na composição de um projeto de design biofílico. Segundo publicação The Practice of Biophilic Design, escrita por Stephen R. Kellert, professor de ecologia da Universidade de Yale, e Elizabeth F. Calabreze, arquiteta e educadora especialista em biofilia, é possível segmentar as experiências e atribuições do design biofílico em três pilares principais:
- Experiência direta com a natureza
- Experiência indireta com a natureza
- Experiência de espaço e lugar
Cada um desses pilares está composto por inserções positivas no ambiente construído, o que torna possível alinhar qualquer espaço – com qualquer limitação – ao conceito do design biofílico.
https://www.rsdesign.com.br/