domingo, 23 de fevereiro de 2020

(Joaquim Pessoa)

Desenvolvi a técnica dos pássaros. Fico ou parto quando é
mais conveniente. Não dialogo. Canto. E o meu canto é como
o canto do gaio ou do melro, da narceja ou do tentilhão: um
canto para mim, um canto para todos, um canto para ninguém.
...
Cantar para dentro, 
nas paisagens da alma, sobre os mais altos ramos da solidão, 
é às vezes coisa boa e coisa delicada. E assim, escuto esse canto
de mim, essa forma de construir momentos de felicidade como
se constrói um ninho, imprescindível mas por pouco tempo.
O necessário apenas para ensinar a voar os pensamentos.
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