Quando eu era criança, tinha uma imensa curiosidade sobre a aparência de Deus.
Nunca entrou na minha cabeça aquela imagem de um velhinho de cabelos longos e brancos. E assim segui, sem compreender muito bem sua figura.
Hoje, crescida, eu percebo que já vi Deus.
Eu vi Deus na serenidade do olhar da mãe de um preso, num dia de visita na cadeia.
Eu vi Deus na inocência da criança abrigada,
aguardando ansiosamente por uma família para chamar de sua.
Eu vi Deus no choro do irmão de uma vítima da violência, que, soluçando,
disse perdoar o assassino.
Eu vi Deus na explosão de alegria dos detentos quando souberam que seus filhos poderiam entrar na cadeia no dia dos pais.
Eu vi Deus na humildade do trabalhador rural, explicando que não sabia assinar porque, na vida, a enxada foi sua caneta.
Eu vi Deus no olhar da moça, dependente química,
que pediu ajuda para superar seu vício durante uma audiência
- ela havia descoberto que estava grávida.
Eu vi Deus no abraço do adolescente,
após me contar que havia conseguido ler seu primeiro livro.
Deus nos visita todos os dias em forma de gente.
(autor desconhecido)